quinta-feira, 3 de julho de 2008

tacones lejanos

Queridos saltos altos,
Tenho saudades. 
Lembro com carinho de quando era solteira e gastava metade do salário, com imenso prazer, em vocês Manolos, Guccis, Pradas, Jimmy Choos e outras novidades que me deixassem Sexy In The City. Aliás, foi por gostar das alturas que seu pai se entusiasmou por mim. 
Eu nascí de salto alto. Sempre soube andar em cima de um-ao contrário de muitas modeletes que tremem só de olhar para esses centímetros de fetiche-desde a tenra idade. Agora que estou fadada a ter metade do meu guarda-roupa dedicado ao parquinho ou pracinha, não tenho mais oportunidade de usá-los diariamente, até para ir à padaria. Logo percebí que correr atrás de criança de salto na areia não dá muito certo-e olha que estou sendo sutil.
Apesar de andar de salto ser como andar de bicicleta fisicamente agora sofro, pela falta de prática e pelo passar dos dias que insistem em deixar meu corpo com mais idade-sob inútil protesto, infelizmente.
Queridos saltos altos, sabe o que mais percebí? Depois de anos de observação de campo notei que existe sim o gene do sapatinho dentro do cromossomo X, apesar da ciência insistir em ignorar o assunto (até alguém ganhal o Nobel pela descoberta). A gente percebe isso olhando nossas filhas, cujos olhos brilham de prazer quando acham um par em nosso armário. E olha que elas mal fizeram 1 ano, nem sequer sabem se equilibar em suas próprias pernas ainda. 
Como a genética não é igual para todos, tem mulher que nunca vai aprender a andar com graça e leveza em vocês. Sabe a história de enrolar a língua? A que dizem ser genética? Tem gente que consegue fazer rolinho com a língua e tem gente que nunca vai conseguir. Andar de salto também parte do mesmo princípio, na minha opinião.
Ainda insisto em comprá-los,  nunca vou deixar de amá-los. Mesmo que agora eu passe metade do tempo olhando vocês fazendo tec-tec no chão de casa nos pés de Her Royal Highness Princess Fofoquinha.
Queridos, lembrem-se: vocês sempre serão meus. Meus. Mesmo que Prince Matraca-Trica insista em colocá-los nos pés para seguir o cortejo real até a sala de estar.
Tenham creteza, nos veremos em breve.
Com carinho,
Euzinha.

Observação: Eu ainda vou mais fundo e acredito piamente na teoria de que quando o cromossomo X feminino (o que tem o gene do sapatinho) encontra o cromossomo X masculino forma-se o gene dominante da bolsinha.

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