quinta-feira, 1 de maio de 2008

gerações


MÃE EDUCA.
Dãa.

AVÓ ESTRAGA.
Saímos eu e meu marido para fazer sabe-se lá o quê um dia desses e deixamos nossa filha, então com dois anos e qualquer coisa (quase três, vai); com vovó. Para nossa surpresa, quando chegamos, a garota estava com uma larga boca de palhaço vermelha (para ser mais exata num dos lados do rosto a pintura ia até a orelha), incluindo dentes com uma generosa crosta bem pintada e espelho bem rabiscadinho: tudo de batom.
-Mas mãe-disse eu-maquiagem??!!!!! Ela não tem nem 3 anos! Tá maluca?!-perguntei depois de tirar ela do quarto.
-Ué, e daí?
-Não pode. Não quero. Ponto.-respondí.
Meu marido, colocando panos quentes (aliás frios, eu já estava ficando com a cabeça perigosamente beeem quente) na história e tentando fazer uma pegadinha com minha mãe, perguntou:
-Por acaso a senhora deixava a Flavia usar maquiagem quando ela era pequena?
Ela respondeu sorrindo:
-Eu? Eu não, eu era a mãe dela. Só que agora eu sou avó.

BISAVÓ CORROMPE.
Final de almoço na casa da minha avó, depois que todas as crianças se empapuçaram de massa, azeitonas, pão e sabe-se lá quantas outras bobagens-quase tudo feito em casa por minha avó com aquele amor e carinho que só os comerciais de margarina em semana do dia das mães sabe expressar (honestamente não faço questão que eles comam salada e carne lá, eles fazem isso aqui em casa): minha avó traz para meus filhos uma generosa travessa de suspiros feitos por ela seguidos de sorvete e chocolates. As frutas eventualmente chegam à mesa mais tarde, mas minha avó não percebeu ainda porque estava correndo (tá, exagerei na licença poética. A velhinha só consegue andar rápido e olhe lá) atrás de toda a petizada com a dita travessa insistindo para eles pegarem só mais um suspiro: "Quer que coloque mais um no sorvete, fica uma delícia, quer experimentar?". Finalmente ela desiste depois que eles comeram suspiros, sorvete e bombons e vem se sentar conosco. Vê pedaços de melancia e vira para a mais velha que está lambendo a boca toda cheia de migalhas de suspiro:
-Quer um pedaço? Você não quer melancia? E pêra? Então só uma fatia de caqui.
A mais velha nem dá bola, está ocupada com uma taça de sorvete agora.
Uns dois minutos depois minha avó desiste da fruta, se vira para mim indignada e diz:
-Seus filhos não comem fruta nenhuma, não é?-em tom de reprimenda mesmo, rabugenta como qualquer ser humano que viveu mais de 87 anos- Eu nunca vejo eles comerem fruta quando estão aqui em casa, você não dá fruta para eles PORQUÊ?

Nenhum comentário: