sexta-feira, 11 de abril de 2008

criança é cafona.

Gasto um tempo enorme pesquisando design para qualquer coisa liliputiana com a esperança de poder ter uma casa com a decoração de gente grande integrada à parafernalha infantil de uma maneira contemporânea, bacana e moderna. Acho preciosidades obscuras do design europeu e americano, as coisas interessantes eu mostro para vocês na sessão "fofices do design", perco noites de precioso sono. Me pergunto: para quê? 
Até os 3 anos mais ou menos, seu rebento está processando tanta coisa nova na cacholinha dele que não presta atenção à decoração a sua volta. O importante para ele é achar migalha de qualquer coisa no chão e colocar na boca, brincar com a água no piso que ele virou do próprio copo ou pintar as paredes do corredor com suas cores favoritas de canetinha. Dá para fazer tudo isso enquanto você pisca. Isso nos dá liberdade de colocar dentro de casa tudo aquilo que a gente acha bacana, inclusive brinquedos de madeira, coisas nostálgicas, interativas, que você acha estimulante. Seu rebento, porém, só vai prestar atenção àquele brinquedo cafona que pisca 3 milhões de luzinhas e toca músicas fubás que alguém da família deu para ele. Vai brincar tanto com ele que você vai acordar cantarolando as músicas sem saber daonde veio.
Depois dos 3 anos, pior ainda se você tiver uma menina, vai ter que se acostumar que quanto mais brilho, purpurina, renda, cor-de-rosa, lacinho e seja lá o que for mais que inventarem, melhor.Começa a era das camisetas de personagens, sapatos com luzes e tudo o que você acha de mais horrendo na vida. O pior é que é ela quem vai escolher, da calcinha à colcha de cama. À você só cabe tentar distrair a bichinha com outra coisa e rezar para que ela goste mais da que você mostrou do que o que ela escolheu. Nunca aconteceu comigo. Minha filha conseguiu, no ano passado, escolher o vestido de festa junina mais feio que havia entre todos os da loja. E olha que as palavras "vestido de festa junina" e "bonito" ou mesmo "menos pior" nunca são colocados na mesma frase, tamanho seria a incoerência.
Acabou-se a tentativa de decoração. Em pouco tempo sua casa vai estar entulhada de baranguices que você evita até olhar para não cegar seu bom gosto. Não adianta, criança é cafona, fazer o quê. Por isso shows como Barney e Hi 5 fazem tanto sucesso: foram criados para elas, e não para os pais.
Alguns anos atrás na revista do New York Times de domingo havia uma matéria de um casal modernérrimo e sua filha. Eles tem uma loja descolada na internet, foi uma das primeiras antes do boom do design infantil. A história foi a negociação entre o pai (arquiteto) e a filha sobre a construção de uma casinha na árvore. O pai mostrou o projeto para a filha, minimalista e contemporâneo. Ela odiou e propôs o dela, que era uma versão castelo de contos de fada. O pai contou que negociou com a filha até ela aceitar que o design dele era o melhor. Choveram cartas no dia seguinte criticando o pai: resumindo, ele coagiu a menina a fazer o que ele queria porque era o que ele achava melhor em design desrespeitando o gosto e a vontade da filha. Resultado: ela nunca foi brincar na casinha que era para ela.
Não adianta a gente querer impor nossa visão do mundo para as crianças, elas tem que formar a opinião delas e nós temos que respeitar como eles respeitam a nossa. 
À nós só resta torcer para que essa fase passe logo, que eles crescam e saiam de casa para a gente poder fazer o que nos der na telha.

2 comentários:

Victoria disse...

WOW, super super Toddler room!

Anônimo disse...

I love this kids room!! It is very cute and comtemporary!